sexta-feira, 23 de julho de 2010

Monumento disputado: Viaduto Otávio Rocha vira alvo de polêmica


Comerciantes rejeitam ideia da Smic de passar comércio a quem restaurar local.



Construção tombada padece de infiltrações e depredação.
Sob os arcos do Viaduto Otávio Rocha, no centro de Porto Alegre, surge uma polêmica envolvendo a revitalização da estrutura viária inaugurada em 1932. Comerciantes estão em pé de guerra com a Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic) pela possibilidade de entrega da concessão do local à empresa que fizer as obras.
A ideia do secretário Valter Nagelstein é realizar uma Parceria Público-privada para viabilizar a restauração do viaduto, cujo custo é estimado em R$ 10 milhões. A empresa receberia como contrapartida a concessão dos 37 espaços comerciais por 20 anos. Para isso, os atuais permissionários poderiam ser despejados.
A Smic já iniciou um estudo sobre a estrutura e os comerciantes instalados no local desde os anos 70. Do total, apenas 30 espaços estão ocupados. Desses, apenas sete pagam o aluguel em dia. Os valores variam de R$ 342 a R$ 889 por mês. A dívida com a prefeitura totaliza R$ 217 mil.
– O viaduto tem de ser restaurado. Não vamos tirar ninguém sem dar alternativas – diz Nagelstein.
As pichações, a deterioração das escadarias, a depredação de luminárias e a infiltração são os principais problemas.
A Associação Representativa Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha sente-se desprestigiada. O presidente da entidade, Adacir Flores, reclama que a Smic não está levando em conta o direito dos comerciantes de continuar no local.
– O secretário não está respeitando a identidade sociocultural. Só falta dizer que o viaduto está assim por nossa causa. Se não fosse por nós, ele estaria muito pior – afirma Flores.
As alternativas
1) Por meio de Parceria Público-Privada, prefeitura entrega a reforma a uma empresa. Em contrapartida à obra, cujo custo é estimado em R$ 10 milhões, a companhia ganha a concessão para administrar os espaços comerciais por 20 anos.
2) Prefeitura realiza reforma com recursos próprios e continua administrando os 37 espaços comerciais. A probabilidade é menos provável porque o município tem outros investimentos prioritários devido à Copa de 2014.
A História
- 1925 – O Viaduto Otávio Rocha é projetado por Manoel Itaquy e tem os primeiros trabalhos de implantação;
- 1928 – Em dezembro, começam as obras, quando Alberto Bins é o intendente do município;
- 1932 – É inaugurado;
- 1954 – Na gestão do intendente Ildo Meneghetti, o viaduto recebe o nome de Otávio Rocha;
- 1971 – É construída a maior parte das lojas do viaduto;
- 1988 – É tombado pelo município, seguindo parecer do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico Cultural;
- 1997 – Primeira etapa da reforma, com investimento de R$ 275 mil. Foram feitos reparos na estrutura com lavagem geral, recuperação de calhas e tubos de coletas de água, impermeabilização e correção de fissuras;
- 1998 – A restauração do sistema de iluminação pública teve instalação de lâmpadas mais eficientes, deixando o viaduto mais claro e com uma redução no consumo de energia elétrica de até 50%. É realizada também a substituição da rede de energia e a restauração dos postes e dos archotes;
- 1999 – Começa a terceira e última etapa de recuperação. São reformados os passeios públicos, o revestimento, o piso, as esquadrias e as instalações elétrica e hidráulica de todas as lojas;
- 2001 – A recuperação é concluída, e o viaduto da Borges, como é chamado pelos moradores de Porto Alegre, é reinaugurado.
Fonte: Zero Hora

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