quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Viaduto da Borges e a Smic

Viaduto da Borges e a Smic

Jorge Barcellos  

A Smic revelou o projeto de criar uma Parceria Público-Privada para administrar o viaduto Otávio Rocha. A iniciativa irá retirar os atuais permissionários que estão em parte em dívida com a secretaria, para entregar a uma empresa a concessão dos espaços do viaduto por 20 anos. A decisão revoga a posição assumida por José Fogaça em dezembro de 2008, quando o então prefeito reconheceu, em entrevista ao Jornal do Centro, que aprovava a renegociação das dívidas com a Secretaria Municipal da Indústria e Comércio/Smic. Os permissionários do viaduto Otávio Rocha estão em processo de negociação com a Smic, para fins de parcelamento do total da dívida das 27 lojas, no valor de R$ 115.130,69. Hoje os valores chegam a mais de R$ 200 mil, segundo a Smic.

Em sua defesa, os permissionários organizaram um movimento inédito na Capital, o Movimento de Revitalização e Humanização do Viaduto Otávio Rocha. Para seus integrantes, a nova política vai na contramão das políticas de preservação do patrimônio imaterial da própria prefeitura: ali encontram-se profissões e profissionais antigos da Capital que ainda sobrevivem, como ourives, sapateiros e relojoeiros, e que prestam seus serviços a cidade, entre outros profissionais. O viaduto da Borges não é apenas um viaduto, é lugar de cultura imaterial, encarnada em seus trabalhadores. Eles têm dívidas, é verdade, mas estão dispostos a pagar. Mas têm o apoio de outros movimentos sociais e entidades que defendem a preservação dos moradores antigos no lugar. Sua luta envolve a preservação de seu espaço e de sua cultura naquele espaço. Se a proposta da Smic vingar, um movimento social e uma cultura serão extintos. É disso que se trata. E justamente dos trabalhadores que têm lutado pela valorização do viaduto, daí a injustiça. É deles a proposta de realização de atividades culturais para reaproveitamento turístico e econômico do viaduto, com os artesãos que lá se encontram. Não seria uma boa ideia?

Fonte: Jornal do Comércio
http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=40085&codp=1451&codni=3

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