sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Matéria sobre as festividades dos 77 anos

Durante as festividades dos 77 anos do Viaduto Otávio Rocha, em 2009, a aluna do Curso de Jornalismo do IPA, Cissa Madalozzo, realizou uma matéria tratando sobre a comemoração da época. E publicamos aqui o material:

Viaduto Otávio Rocha e seus 77 anos


Escrito por Cissa Madalozzo


Ao circular pelo centro de Porto Alegre, quem já não foi atraído pela beleza arquitetônica do Viaduto Otávio Rocha, também conhecido como Viaduto da Borges? A obra, concluida em 1936, interliga a avenida central, a Borges de Medeiros, porta de acesso à Zona Sul da cidade, com os altos da rua Duque de Caxias.

A primeira semana de dezembro foi dedicada aos 77 anos do viaduto mais antigo de Porto Alegre, um símbolo de beleza e cultura da arquitetura nacional. Apesar de ter sido restaurado em 1999, apresenta problemas decorrentes da ação do tempo, como rachaduras e infiltrações, evidências comuns numa obra de idade avançada, mas que podem comprometer a sua estrutura. Somado ao problema de conservação está a falta de segurança, como o fator responsável pelo seu 'distanciamento da população', além da presença constante de vândalos e pichadores que depredam o local.

 Uma das primeiras manifestações da ‘art noveau’ em Porto Alegre, o Viaduto Otávio Rocha, construção com características européias, hoje abriga 34 lojas, com um mix diversificado, porém, com pouco glamour em relação à inspiração que a obra arquitetônica provoca. Lá está instalado um comércio voltado para o artesanato, discos de vinil e fitas, artigos religiosos e material fotográfico, além de outros segmentos como lotéricas, barbearias, fotocópias e lancherias. Muitos desses estabelecimentos têm mais de 30 anos de história.

A tradição das lojas está localizada, no que hoje se tornou, o refúgio dos mendigos, a oportunidade dos ladrões e o medo da população que usa o viaduto como via de passagem. Mas principalmente o medo e a insegurança dos comerciantes.

Ao analisar o mix do comércio, percebe-se, como revela o vereador Adeli Sell, que é pouco atrativo. E como saída sugere um replanejamento para, além de analisar os valores do aluguel, buscar atrações que possam valorizar o espaço.

A responsável da clássica loja de vinil “Flora Som”, Sedenira Xavier, afirma que o viaduto perdeu o seu glamour e que hoje sobrevive graças aos colecionadores de disco. Também ressalta que o abandono da área compromete as vendas que baixaram em comparação aos anos 80. Sobre a segurança, Sedenira argumenta: “De noite eles arrombam as portas. Minha porta está até hoje quebrada e tivemos que colocar uma cortina de ferro. O problema são os baderneiros. À noite isto aqui vira um terror”.

Para o Presidente da Associação Gaúcha dos Escritores Independentes (AGEI), Vilson Quadros, o viaduto aflora o romantismo nas pessoas. “Ninguém escolhe o que ou de quem vai gostar, é isto acontece com o viaduto: ele atrai as pessoas”. Quadros conta que a sede da AGEI é no Viaduto da Borges, e orgulha-se de tê-la no local. Porém, ressalta: “Só que é perigoso aqui, uma vez que já nos roubaram 500 livros”. Ele também é um dos organizadores da mostra de filmes que aconteceu na semana do viaduto. “Todos os filmes tiveram pelo menos uma cena rodada aqui”.

A Semana alusiva ao Viaduto Otávio Rocha contou com um sarau poético, manifestações artísticas, exibição de curta-metragens, palestras e peça teatral.
A visão política do ex-comerciante

O vereador Adelí Sell (PT) é um ex-comerciante de livros do Viaduto Otávio Rocha, conhecido como ‘Adeli do sebo’. O longo convívio com os proprietários de lojas no local, além do contato com os moradores e clientes, o auxiliaram a chegar na Câmara de Vereadores. Foi ele, então, o responsável pelo projeto de lei que criou a Semana Municipal do Viaduto Otávio Rocha, evento anual, que ocorre na primeira semana de dezembro, e integra o Calendário Oficial de Eventos do Município.

Em entrevista à Agência Experimental de Jornalismo do IPA (AJor), Sell critica a administração pública de Porto Alegre pela desvalorização do patrimônio público, ao não solucionar problemas simples, principalmente em relação à segurança e à estrutura física do patrimônio, avariada por infiltrações e pela ação de vândalos que depredam o local.

Universo IPA - Muitos dos 34 lojistas reclamam da falta de segurança e da ocupação de moradores de rua no Viaduto Otávio Rocha. Quais as medidas a serem tomadas?

Adelí Sell - Nós prepusemos que o Viaduto Otávio Rocha, um patrimônio histórico e cultural da cidade, deveria ter uma guarda municipal durante 24 horas. Nós teríamos no local, diariamente, seis guardas. O que custa muito mais barato do que mandar arrumar a fiação ou a iluminação. Se o gestor público tiver uma visão mínima sobre as questões públicas, ele coloca definitivamente a guarda municipal no local. Falta vontade e decisão política. Infelizmente continuamos a ter gestões públicas que são mesmices.

Propus ao prefeito colocar um serviço de atendimento ao cidadão (SAC) para o turista, inclusive no final de semana. Também solicitei que fossem implantadas duas vagas de carro em cada lado do Viaduto, para que os motoristas possam estacionar num sistema rotativo de 15 minutos.

Universo IPA - Quais os projetos previstos para melhorar a infra-estrutura do Viaduto?

Sell - O Viaduto é um belo lugar a ser visitado. Mas ainda temos que discutir com a prefeitura os aluguéis que são muito altos e fazer um ‘replanejamento’. Algumas questões devem ser trabalhadas e esculpidas. Temos que mexer no mix das lojas, que hoje não é mais atrativo; antigamente tudo bem. Precisamos ter lá uma Lan House, um Cyber Café, entre outras atrações. As pessoas precisam conhecer os pontos culturais de Porto Alegre.

 Estamos propondo que todo o sábado tenha uma atividade cultural para dar mais vida ao Viaduto. A primeira coisa que temos que fazer é uma limpeza de ponta a ponta. É inadmissível que as pessoas usem o local para fazer suas necessidades fisiológicas.

Universo IPA - Alguns lojistas citaram as infiltrações como um sério problema, que iniciou depois da última reforma de 99. O novo projeto arquitetônico prevê soluções?

Sell - Já levamos esta questão para a Prefeitura Municipal. Mas é um problema de gestão. Falta vontade política para resolver isso. Hoje a moderna engenharia tem como resolver facilmente um simples problema de infiltração, e não podemos esquecer que este é um patrimônio público e que está sendo deteriorado. Eu já prometi para os lojistas que coordenaria um grupo de vereadores para fazer uma vistoria no local. Buscaríamos depois o prefeito e as secretarias de obra, cultura, enfim, resolver o problema do viaduto Otávio Rocha.

Universo IPA - Há alguma história importante e que o senhor queira contar sobre o Viaduto Otávio Rocha?

Sell - O viaduto sempre me impactou pela beleza do monumento e a grandeza da obra para a época. Fui livreiro por 16 anos, comecei em 1982 e fui até 2002 com meu sebo. Muitos me conhecem como “Adelí do sebo do viaduto da Borges”. Lembro de um sábado, quando ainda vendia livros, abri a loja cedo, e de repente um rio de água jorrou em cima dos livros que eu costumava colocar na parte de fora. Todos ficaram molhados. Só depois descobri que a culpa era de um cano que havia quebrado do Hotel Everest. Livro quando molha é uma tragédia, mas foi engraçado!

Segue o link original:http://metodistadosul.tempsite.ws/universoipa/entrevistas/427-o-viaduto-otavio-rocha-comemora-77-anos.html

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